21 de fev. de 2017

Por qual razão a grande mídia ignorou a manifestação pela derrubada do Estatuto do Desarmamento?

Vilar/cadaminuto - Início esta postagem com a questão que é seu título: Por qual razão a grande mídia ignorou a manifestação pela derrubada do Estatuto do Desarmamento?

Lula Vilar - Pergunta simples!

Observem: não estou aqui querendo que um colunista, jornalista ou até mesmo portais sejam favoráveis ou contrários ao Estatuto do Desarmamento. Este é um juízo de valor que eles são livres para fazer. Deve ser assim! A liberdade de expressão e de pensamento faz com que tenhamos posições diante das coisas.

Avaliamos argumentos e escolhemos que lado tomar. Os motivos que conduzem essa avaliação são os mais variados. Vão de critérios honestos aos desonestos. Vão dos critérios que levam em conta os dados aos ou que desprezam estes. Mas, cada um é livre para fazer a sua interpretação.

Mas, o debate existe e tem tomado conta do país. O assunto está movimentando as redes sociais: de um lado os armamentistas do outro os desarmamentistas. Considero isto natural de todo projeto de lei que envolve a sociedade em uma discussão.

Foi isto que levou várias pessoas à Avenida Paulista (São Paulo), no dia de ontem, 19. Lá estavam deputados federais, estudantes, profissionais de diversas áreas. Enfim... A mídia pode até não gostar dos parlamentares que lá estavam, mas não pode negar que foi uma manifestação que atraiu autoridades constituídas, gostemos ou não delas. Logo, este é um sinal de repercussão. Óbvio: não é o único.

No jornalismo não se ignora fatos! Pode se ter – evidentemente – opiniões sobre eles. São as chamadas análises. Então, se parcela da imprensa quisesse, poderia ter “descido a lenha” na manifestação. Mostrado os motivos pelos quais acha que a manifestação tem uma causa errada. Assim como é dado o direito de outra parcela da mídia enxergar a causa como correta. O que vai diferenciar são os argumentos utilizados.

Mas, não se optou sequer pelo debate. Em muitos locais, optou-se pelo silêncio. E isto é lamentável. É pior do que quando se trata de um assunto observando apenas um lado. Esquecendo que o outro possui estudos técnicos que indicam o oposto do que os intelectuais de plantão afirmam.

É justamente o caso do tema “armamento civil”. Há um estudo técnico da própria Câmara de Deputados – de número 23/2015 – que mostra que não há correlação entre o aumento de quantidade de armas legais e os crimes de homicídio por arma de fogo, que por sinal cresceram assustadoramente após o Estatuto do Desarmamento. Claro: só os bandidos passaram a ter armas e eles não seguem leis.

É a mesma conclusão dos estudos de Bene Barbosa e Fabrício Rebelo. Além disto, fora do nosso país, estudiosos como John Lott e Joyce Lee. Será que vamos abandonar o debate para prevalecer uma visão. E que para que esta visão prevaleça ignorar plenamente o outro lado?

Não fosse uma questão relevante, o deputado federal Rogério Peninha (PMDB) – que é quem propõe a derrubada do Estatuto por projeto de lei – não teria ganhado o destaque que ganhou. Observo ainda o seguinte: os que são contrários ao Estatuto buscam agir dentro dos mecanismos do Estado Democrático de Direitos: desde a apresentação de projeto até a legítima manifestação na busca por expor o que pensam. E aí, é com os votos da Câmara de Deputados.

Afinal, desarmamentistas podem fazer suas passeatas. Estas terão a cobertura da mídia. Aposto!

São os armamentistas – por sinal! – que já foram solapados no referendo. Já que a decisão foi uma e a ação governamental foi outra.

O pior é conviver ainda com a mentira sem o direito ao esclarecimento. Quando dizem que a derrubada do Estatuto do Desarmamento vai criar um comércio de armas desregrados, isto é mentira. Para desmistificar, basta a leitura do próprio projeto de Peninha. O que se institui são critérios objetivos (que por sinal são rígidos) para o acesso ao porte de arma, não dependendo mais da vontade discricionária do poder estatal. É isto e somente isto.

Não se vai vender armas indistintamente. Todas as questões formuladas nesta premissa são falácias. O projeto de Peninha regulamenta e não libera sem limites, restrições ou critérios. Quem escuta alguns desarmamentistas fica achando que no outro dia o país todo vai estar armado. Não é assim!

O fato é que o Estatuto do Desarmamento não desarmou bandidos e foi ineficiente na redução dos homicídios por arma de fogo. Quando os homicídios em geral até recuam, os que ocorrem por arma de fogo permanecem estáveis ou aumentam. É só analisar os números do próprio Mapa da Violência. Não faz sentido fugir ao debate. Faz menos sentido ainda ignorar um dos lados.

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