15 de set. de 2016

MORO CONDENA BUMLAI A 9 ANOS E 10 MESES DE PRISÃO


Outras sete pessoas foram condenadas na decisão desta quinta-feira

O pecuarista José Carlos Bumlai, investigado na Operação Lava Jato, passa por exame de corpo de delito no Instituto Medico Legal (IML) de Curitiba (PR). Bumlai estava em prisão domiciliar desde março para tratamento de um câncer - 06/09/2016 (Vagner Rosário/VEJA.com)

O juiz federal Sergio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato, condenou nesta quinta-feira, o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Lula, a 9 anos e 10 meses de prisão por gestão fraudulenta de instituição financeira e corrupção no âmbito do petrolão. O magistrado manteve a prisão preventiva do empresário, que voltou à prisão no início de setembro. Outras sete pessoas foram condenadas na ação.

Bumlai era acusado de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e por crimes financeiros no empréstimo de 12 milhões de reais do banco Schahin para o PT em 2004. Ele havia sido preso pela primeira vez em novembro de 2015, na Operação Passe Livre, desdobramento da Lava Jato. Segundo a Lava Jato, em troca do empréstimo, o Grupo Schahin foi favorecido por um contrato de 1,6 bilhão de dólares sem licitação com a Petrobras, em 2009, para operar o navio sonda Vitória 10.000.

Bumlai foi condenado pelos crimes de gestão fraudulenta de instituição financeira, por ter feito o empréstimo, e por corrupção passiva, pelo fato de ter conseguido vantagem indevida no contrato com a estatal. Moro, porém, absolveu o pecuarista do crime de lavagem de dinheiro “por falta de adequação típica”.

Também foram condenados o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto (6 anos e 8 meses, regime semiaberto por corrupção passiva), o operador de propinas Fernando Falcão Soares, o Fernando Baiano (6 anos em regime semiaberto por corrupção), os executivos Milton Schahin e Salim Schahin (9 anos e 10 meses de prisão por corrupção e gestão fraudulenta), o executivo Fernando Schahin (5 anos e 4 meses em regime semiaberto por corrupção ativa), o ex-gerente da Petrobras Eduardo Musa (6 anos em regime semiaberto por corrupção) e o ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró (6 anos e 8 meses, regime semiaberto por corrupção passiva).

O juiz Sergio Moro absolveu nesse caso Jorge Luiz Zelada do crime de crime corrupção passiva; Maurício de Barros Bumlai dos crimes de corrupção passiva, gestão fraudulenta de instituição financeira e lavagem de dinheiro; e Salim Taufic Schahin, do crime de lavagem de dinheiro.

Sítio em Atibaia

Amigo do ex-presidente Lula desde 2002, José Carlos Bumlai também está envolvido nas obras do sítio Santa Bárbara, em Atibaia, no interior de São Paulo. O petista é investigado pelo Ministério Público Federal (MPF) de ser o verdadeiro dono do imóvel, o que ele nega veementemente.

Em depoimento aos investigadores da Lava Jato, Bumlai afirmou que, em 2010, o ex-assessor especial de Lula no Palácio do Planalto Rogério Aurélio Pimentel o procurou e pediu que “deixasse a obra” do sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP), “pois não estava andando a contento”. Na ocasião, o pecuarista estava ajudando na ampliação das acomodações do sítio, segundo afirmou, a pedido da então primeira dama, Maria Letícia.

Em agosto, o MPF  entregou à Justiça uma manifestação em que afirma que a cozinha do sítio, reformada pela empreiteira Odebrecht sob a coordenação de Bumlai, foi “outra operação de lavagem de dinheiro em favor de Lula”. “Nesses fatos, estão envolvidos a mesma loja da Kitchens e o mesmo funcionário da OAS que viabilizaram a mobília do apartamento Triplex de Lula em Guarujá/SP. Nesse caso a pessoa interposta escolhida pela OAS para ocultar o verdadeiro destinatário/beneficiário da cozinha foi Fernando Bittar, em nome do qual foi emitida a nota fiscal dos móveis”, diz o documento.

Ontem, os procuradores da Lava Jato apresentaram a primeira denúncia contra Lula no âmbito da Lava Jato, agora em relação ao apartamento tríplex no Guarujá (SP) – cuja propriedade também era negada pelo petista. Mais do que isso, o MPF afirmou que Lula é o mandante do esquema de corrupção na Petrobras.

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