22 de abr. de 2013

POEMA ÁCIDO OU DO ELOGIO À COVARDIA - UM POEMA EM QUE FUI PARTE DE FONTE DE INSPIRAÇÃO

Isaac Melo

Aos amigos Palazzo e Felipe Jardim
pessoas que inspiram este poeta de araque


Por que sair para um mundo que quer
apenas os bons, os capacitados
eu que não sou bom, nem capacitado
nem de revista, capa;
nem em jornal, citado.
Os deuses sobreviventes acenam
enquanto humana gente em cena
encena, no palco sem expectadores,
a verdade que são
na máscara da mentira
que a si incorporaram.
Não gera ação minha malfadada geração (!?)
isenta do mal fardado da ditadura
na pretensa liberdade dos novos tempos
instaura a velha ditadura de sempre
sem ditador, pau de arara, choque elétrico
apenas sutilmente a amordaçar a mente.
Não mais fuzil arma letal
ignorância é que é fatal
a matar por uma carteira, um celular
ou esbanjar em baladas regadas a bebidas
e prostitutas de família
para depois se tornar assassino
no volante de carros do ano
sem ônus, nem Onu, nem ânus
que detenha macabra insanidade.
Covarde permaneço com aqueles
que legislam a seu bel prazer,
cujas leis refletem os próprios preconceitos
na visão de seus preceitos de conceitos tortos.
Oh, bendita covardia
a que incita a comprar voto
a que insiste em vender voto.
Sou, no entanto, a geração
a sociedade a quem vomito
me masturbando diante de um computador
com puta dor desnecessária
ou rezando a um deus bondoso
construído a minha própria imagem
e mendicância.
Por que alimentar a esperança
de um mundo melhor,
se os crimes de hoje
serão também os de amanhã,
assim como os de ontem
são os de hoje, aperfeiçoados?
Se me revoltar, a quem se voltar?
Viva a covardia do meu
suicídio abortado
egocêntrico.
Sou este tempo
da informática
dos iPhones
dos tablets
do crack
dos iPods
dos que podem.
Nada tenho,
pois me deram tudo.
Deram-me tudo,
pois encheram-se de nada.
Mato, morro, vivo
em razão de minha desrazão.
Não julgo, nem desjulgo.
Sei que há jugo
na balança imoral
de peso mortal.
Sou este tempo com tudo
o que é e não é.
Utopia
vamos atirá-la ao lixo
enterrá-la com a filosofia, a poesia.
Pra quê cultivar o que não traz lucro
o que não move a economia?
Enquanto o gato mia
há vida. Vivamos!
Mesmo em covardia.
Covardia que me faz cuspir
no capitalismo por um socialismo
mas quero ter, no entanto,
o mais caro sapato da vitrine.
O mundo sou com sua podridão
com seus auxílios paletós,
eu que visto roupa nova só
aos domingos
e dias de festas,
quando havia motivo para festas.
Sou a sociedade ricamente falida
que ama o carnaval, o futebol
dos bilhionários otários
alienígenas, alienantes, alienados
que jogam e são jogados
no jogo das economias de mercado.
Sou a sociedade
da bundolatria
da cervejaria
da egolatria
que ao domingo vai aos shoppings
comprar a felicidade à prestação.
Fechem a boca da noite
não quero o novo dia de sempre.
Combati o bom combate da covardia.
Oh, Deus por que não me fizeste
um homem decente
com seu emprego decente
satisfeito com a ordem do dia
a esperar mensalmente
o merecido ordenado?
Sequer me tiraste a fraqueza da fé,
a coragem de te renegar,
dizer-te injúrias,
fazer-me herege.
Sem esperança,
sem Deus,
sem amor
como seria melhor.
Tudo se resolveria.
Era só aguardar.
E morrer.
Mas no fim
da caixa de Pandora
só restou as asas da poesia
para o derradeiro voo do abutre humano
que é monturo
e é flor.
AO AMIGO ISAAC MELO, UM VENCEDOR, AGRADEÇO TÃO ESTIMADAS PALAVRAS DE APREÇO. ISSO SÓ FAZ CRESCER MINHA ADMIRAÇÃO POR VOSSA PERSEVERANÇA QUE É A IMAGEM DO EXEMPLO. MEU SINCERO MUITO OBRIGADO, QUE DEUS ESTEJA SEMPRE CONTIGO. ME PERMITI COLOCAR AS IMAGENS NO POEMA QUE DEMONSTRA QUE O CAMINHO É COM CERTEZA A EDUCAÇÃO.

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