19 de mar. de 2013

MAIS UMA CRIANÇA MORRE À ESPERA DE TRANSPLANTE

Fachada do Hospital Geral de Bonsucesso:
 falta de médicos suspendeu cirurgia para transplantes  | Foto: Agência O Dia


Sem equipe de cirurgia, Hospital Federal de Bonsucesso, o único a fazer operações do tipo em crianças no Rio, está há quatro meses sem transplantar pacientes

O DIA/PALOMA SAVEDRA/RIO -  A crise no Hospital Federal de Bonsucesso vai virar caso de Justiça. Após a segunda morte, em três dias, de pacientes infantis na fila de espera por transplante, a Defensoria Pública da União pretende ajuizar ação civil pública para que a União, por meio do Ministério da Saúde, recomponha a equipe cirúrgica da unidade em 15 dias, sob pena de R$ 100 mil de multa diária.

A falta de profissionais no local levou à suspensão, desde 5 de dezembro de 2012, dos transplantes de rim e fígado. O hospital é o único do estado a realizar esse tipo de procedimento em crianças.

“Estou entrando em contato com as famílias das crianças que estão na fila de espera. Será uma ação coletiva, pois vai beneficiar a todos. Esses pacientes não podem ser prejudicados”, declarou o defensor público Daniel Macedo, que está à frente do caso.

Para o médico da unidade e diretor do sindicato da classe, Júlio Noronha, o abandono da unidade é visível: “O descaso, acentuado nos últimos dois anos, é perceptível tanto do ponto de vista físico, pela má conservação do prédio, quanto pela falta de profissionais”.

Noronha critica a falta de investimentos no hospital, que está com um especialista na área: “Há 33 anos fazemos transplante renal e há 13, de fígado. Deixamos de realizá-los, colocando em risco a população. Há duas crianças, cujos doadores são os pais, esperando pela cirurgia que não pode ser realizada”.

Duas pacientes que estavam na fila por cirurgia morrem

Morreu na sexta-feira, aos 11 anos, a menina Dricielle de França, de Macaé. Ela esperava por um transplante de rim desde dezembro de 2011. No dia 23 de fevereiro, fora procurada pela unidade porque havia um órgão para ela, que não pode vir ao Rio naquele dia pois sua mãe não tinha dinheiro. O hospital não providenciou o transporte da criança, e o órgão foi para outra paciente.

Há um ano na fila para transplante, Ana Paula Ferreira, de 3, morreu domingo. Segundo o Ministério da Saúde, a menina e o seu pai, o doador, não tinham condições de passar pela cirurgia. No dia 11, a criança apresentou complicações e foi internada na UTI pediátrica do HFB.

O órgão informou que está recompondo o setor de transplantes da unidade, antes formado por três médicos — um se aposentou e o segundo retornou à instituição de origem. E um médico habilitado para a cirurgia não é o suficiente, devido à complexidade do procedimento.

Estado promete transplante em abril

Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, a partir de abril, o Hospital Estadual da Criança passará a fazer transplantes. A unidade terá capacidade para realizar até 20 cirurgias de rim e 20 de fígado por mês.

A coordenação do Programa Estadual de Transplantes (PET) — que regula o sistema de transplantes no Rio — tem atuado para compensar a falta do serviço em Bonsucesso, enviando pacientes e órgãos para serem transplantados fora do estado.

O PET afirma que adultos ou crianças que estão na fila da unidade poderão ser transplantados em outros locais, assim que conseguir órgão. O telefone do Disque-Transplante é 155.

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