7 de dez. de 2010

DECISÃO DE CAÇAS FICA PARA A GESTÃO DE DILMA

Kennedy Alencar e Eliane Cantanhêde(fotoRoberto Stuckler)
Presidente eleita quer estudar melhor as três propostas antes de bater o martelo sobre a compra das aeronaves

Militares esperam que Dilma peça avaliação da Aeronáutica; decisão agora está prevista para o novo governo petista




A presidente eleita Dilma Rousseff adiou para o próximo governo a decisão sobre a compra dos caças para a renovação da frota da FAB (Força Aérea Brasileira).

Conforme a Folha apurou, Dilma se reuniu anteontem com o presidente Lula e ontem com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, ocasião em que pediu tempo para estudar melhor a questão, já que há divergências dentro do próprio governo.

Em entrevista concedida à TV Brasil, na noite de ontem, Lula afirmou que fará o que Dilma decidir.

“É uma dívida muito grande, uma dívida de longo prazo com o Brasil. Se a Dilma disser que pode fazer naqueles termos que estavam acordados, eu farei. Mas se ela falar: “Presidente, vamos deixar eu discutir no próximo ano”, eu a deixo fazer”, disse o presidente Lula.

O processo de escolha foi iniciado ainda no governo Fernando Henrique (1995-2002), sob a sigla FX, mas acabou sendo suspenso e recomeçado no segundo mandato de Lula, já como FX-2.

Tudo o que a Aeronáutica não queria era um novo adiamento, por temer que Dilma, refratária a assuntos e a gastos relacionados à área militar, empurre a decisão mais uma vez com a barriga.

Um dos problemas é que Jobim prefere o caça Rafale, da francesa Dassault, enquanto o relatório da FAB, com 27 mil páginas, indicou em primeiro lugar o Gripen NG, da sueca Saab. O outro concorrente é o americano F-18, da Boeing.

Ontem, Dilma se reuniu por quase três horas com Jobim, que será mantido no cargo, e lhe pediu documentos sobre o processo.

Conforme a Folha apurou, ele entregou o seu parecer, mas não o relatório da Aeronáutica. A expectativa de oficiais é que ela agora peça também a avaliação da FAB.

Até porque o argumento político pró-Rafale se enfraqueceu bastante após o presidente francês, Nicolas Sarkozy, se aliar aos EUA, contra o Brasil, na votação do acordo nuclear do Irã na Organização das Nações Unidas.

Na reunião com Jobim, Dilma discutiu também a reformulação em curso da área de Defesa, com a criação de uma secretaria especial para tratar de aviação civil.

O Decea (Departamento de Controle do Espaço Aéreo), que é comandado por oficiais militares, continuará a ser vinculado ao Comando da Aeronáutica.

A presidente eleita vai anunciar entre hoje e amanhã os nomes de Jobim para continuar na Defesa e do embaixador Antônio Patriota para o Ministério das Relações Exteriores.

FONTE: Folha.com

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