5 de out. de 2009

Voo AF 447: Defeito no tubo de pitot derrubou Airbus, afirmam pilotos

Falha foi apontada no relatório do Sindicato de Pilotos da Air France

Ana Carolina Danian

Um relatório que será enviado nesta semana à Justiça francesa aponta os defeitos nas chamadas sondas pitot como a causa principal do acidente com o voo 447 da Air France, que caiu quando fazia o trecho Rio de Janeiro-Paris em 31 de maio, matando 228 pessoas.

O documento foi elaborado por Gérard Arnoux, presidente do Sindicato de Pilotos da Air France, e por um colega.

Segundo o relatório, cujos detalhes foram revelados ontem pelo periódico francês “Journal du Dimanche”, o acidente poderia ter sido evitado se a Airbus, as autoridades de segurança na aviação civil e a Air France tivessem levado em conta os problemas anteriores identificados nos sensores pitot da francesa Thales.

Segundo os pilotos, as autoridades aéreas sabiam, há 14 anos, que os critérios internacionais de certificação das sondas pitot eram inadequados.

Também no banco dos acusados está a Airbus. Henri Marnet-Cornus, coautor do relatório, disse à Folha que, desde 2002, o construtor europeu já havia identificado problemas nos sensores pitot AA, mesmo modelo que equipava o Airbus A330 do voo 447 Air France. “Só em setembro de 2007, após ter verificado outros incidentes com modelos A330 e A340, a Airbus recomenda a instalação em seus aviões do pitot BA da Thales, mais resistente ao gelo e à chuva.”

O relatório também aponta a responsabilidade da Air France, que, apesar da recomendação e de pelo menos cinco incidentes ocorridos em 2008 com os sensores pitot, teria decidido não substituí-los imediatamente nos A330 e A340.

Em seu site, a Air France diz que durante oito meses a Airbus garantiu que as sondas BA não resolviam o problema do congelamento em altas altitudes, antes de mudar de opinião, em abril de 2009 -quando a Air France decide substituir o equipamento. A companhia diz ter recebido os primeiros novos sensores em 26 de maio.

Outro problema apontado é o tempo de reação das autoridades encarregadas da segurança dos voo e certificação dos equipamentos. Henri Marnet-Cornus lembra que foi somente após o acidente com o voo AF 447 que a Aesa (Agência Europeia de Segurança Aérea) pediu à Airbus mais detalhes sobre os incidentes.

Com base nessas informações, a agência ordenou no final de julho às companhias aéreas a substituição dos sensores da marca Thales. A recomendação atual é que todos os A330 e A340 passem a ser equipados com pelo menos dois sensores pitot produzidos pela norte-americana Goodrich. “Porque não fizeram a recomendação antes?”, questionam os autores do relatório.

“Trata-se de uma simples medida de precaução. Nós realizamos testes e tanto os sensores Goodrich quanto os novos sensores da Thales obtiveram os mesmos resultados”, afirmou a Aesa em entrevista ao “Journal du Dimanche”.

Acidente: Relatório contradiz afirmações feitas por investigador

As conclusões dos dois pilotos que fizeram o relatório, Gérard Arnoux e Henri Marnet-Cornus, contradizem as afirmações feitas por Alain Bouillard, que supervisiona as investigações sobre a as causas do acidente com o voo AF 447. Durante apresentação do último relatório preliminar sobre as investigações, em julho deste ano, Bouillard descartou que os problemas com os sensores tenham sido o motivo principal da tragédia, que teve 228 vítimas.

FONTE: Folha de São Paulo, via Notimp

Um comentário:

  1. Na verdade ninguém tá aí. Só começam a se preocupar mesmo depois que acontece a desgraça.. Acho que isso é uma característica (das ruins) do ser humano...

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